Ela sempre foi a
sombra que me acompanhava, a voz que ecoava nas minhas escolhas, mesmo quando
eu fazia questão de ignorá-la. Brigava comigo por coisas pequenas, implicava
com minhas amizades, e sempre repetia que um dia não estaria mais por perto. Eu
ria disso, achando que era só mais uma de suas manias.
Errei? Admito, mas o
erro maior foi me acostumar.
Deixar para dizer
que a amava só depois das brigas ou em ocasiões especiais, como se o simples
fato de estarmos juntos não fosse, por si só, um motivo para celebrar.
Ficava em silêncio,
esperando que ela viesse atrás de mim, achando que isso alimentaria meu ego,
porque “mulher gosta de homem que despreza”, não é?
Me deixei levar,
ouvi conselhos de amigos que pouco sabiam sobre o que realmente importava.
"Você é jovem demais", diziam. "Tá preso? Deixa ela em casa e
vem curtir com a gente." E assim, aos poucos, fui deixando ela de lado,
como se fosse algo garantido, eterno.
Até que um dia, o
que eu julgava ser vitória virou derrota.
Ela se calou, não
reclamou mais das minhas saídas, das minhas amizades, e nem me pediu mais
atenção, achei que tinha vencido, que finalmente ela havia cedido ao meu jeito
de ser.
Cheguei em casa uma
noite e senti um silêncio, uma paz que eu confundi com liberdade, as coisas dela
não estavam mais espalhadas, o banheiro não exibia vestígios de sua presença,
nem um fio de cabelo no meu pente.
É ela havia partido,
se foi sem dramas, sem despedidas, sem chance para reconciliação.
Na primeira semana,
eu continuei vivendo, saindo, curtindo, levando outras para a cama que um dia
foi nossa, mas na segunda semana, algo mudou, fiquei em casa, assisti a um
filme qualquer, depois uma comédia romântica e então me lembrei do som da sua
risada, do jeito que mexia no cabelo, do calor que o seu abraço trazia.
Na terceira semana,
a saudade virou dor, procurei algo que ainda tivesse o cheiro dela, uma
lembrança física que me fizesse acreditar que ela ainda estava ali, de alguma
forma.
Peguei o celular, mas o número dela não estava mais nos meus contatos, ela havia me apagado da vida dela, mandei uma mensagem, mas não houve resposta, tentei ligar, mas não tive coragem de me expor ao desprezo.
Criei um perfil
falso só para vê-la, e lá estava ela, numa foto em um barzinho, sem legendas,
mas com aquele olhar que um dia me fez sentir o dono do mundo, foi então que a
ficha caiu, ela não voltaria.
A verdade, dolorosa e implacável, se revelou: nunca a tive de verdade, porque sempre a tratei como se fosse um bem que não se perde, como se fosse minha por direito, mas ela não era.
E agora, era tarde
demais para perceber que o que eu perdi não foi só uma mulher que eu amava e
que me amava, eu joguei fora a grande sorte que tive de encontrá-la, ignorante, joguei fora o maior prêmio que a vida me deu.
#Perda
#Arrependimento #AmorPerdido #Desprezo #Aprendizado #Relacionamentos #Saudade
#Valorize #DramaEmocional #BilhetePremiado