Após várias declarações polêmicas do nosso presidente em
junho, esta primeira semana de julho trouxe uma relativa calmaria. Os ataques
ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diminuíram e o governo
mostrou intenção de controlar os gastos, demonstrando uma preocupação com o
Arcabouço Fiscal.
O mercado deu um voto de confiança temporário, mas ainda vai
exigir provas concretas das intenções do governo.
COPOM Mantém Taxa Selic em 10,5% a.a. e Interrompe Ciclo
de Queda
Em uma decisão unânime, o COPOM manteve a Selic em 10,5%
a.a. e não sinalizou novas quedas, deixando o cenário incerto sem o
"forward guidance" típico. Embora essa interrupção não signifique o
fim das quedas, traz incerteza ao mercado.
Observando o histórico da Selic, vemos que entre 2016 e 2020
a taxa caiu de 14,25% para 2% ao ano, mas houve períodos de estabilidade, como
entre março de 2018 e julho de 2019, quando ficou em 6,50%.
Expectativas para a Selic e Cenário Inflacionário
As expectativas para a Selic em 2024 e 2025 subiram. O
Boletim Focus projeta a Selic em 10,50% para o fim de 2024 e 9,50% para 2025,
comparado com 9% e 8,5%, respectivamente, no início do ano. Isso se deve a
frustrações com a queda dos juros nos EUA e preocupações fiscais internas.
O IPCA fechou maio em 0,46%, com alta de 3,93% nos últimos
12 meses. Embora dentro da margem tolerada pelo Banco Central, a trajetória
inflacionária preocupa, com expectativas subindo constantemente.
Política Fiscal: Esgotamento da Agenda de Elevação de
Receita
Desde o início do mandato, o governo Lula 3 adotou uma
estratégia de aumento de gastos e arrecadação. No entanto, essa abordagem cria
distorções econômicas a longo prazo, diminuindo a produtividade do país.
O governo enfrenta resistência para aumentar impostos, como
evidenciado pela devolução da "Medida Provisória do Fim do Mundo"
pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. A carga tributária brasileira, que
já era alta, torna-se insustentável sem um ajuste de despesas.
Desafios Fiscais e Necessidade de Cortes
Com 90% das despesas federais sendo obrigatórias, cortar
gastos discricionários é difícil. Mesmo assim, sem sinais concretos de ajuste,
o Arcabouço Fiscal ficará insustentável. As medidas administrativas de corte
são limitadas, enquanto ajustes mais profundos são politicamente desafiadores
em um ano eleitoral.
Juros e Moeda Pressionados
A incerteza fiscal elevou os juros futuros e o dólar nos
últimos meses. O mercado espera não só anúncios, mas ações concretas de corte
de despesas para reduzir o prêmio de risco.
Estratégia de Investimento
Diante desse cenário, manteremos o foco em renda fixa, com
inserções calculadas em renda variável e uma abordagem gradual na
internacionalização do capital, sempre com a "paciência de Jó".
Mais do mesmo só complementando: Perspectivas e Análises
Na primeira semana de julho, observamos uma redução nas
críticas à figura de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e uma
aparente intenção do governo de conter os gastos, indicando uma tentativa de
preservar o Arcabouço Fiscal. Embora o mercado tenha demonstrado alguma
confiança momentânea, ele exigirá provas concretas das boas intenções do
governo em breve.
Decisão do COPOM: Manutenção da Selic em 10,5% a.a.
Em votação unânime, o COPOM decidiu manter a Selic em 10,5%
a.a., interrompendo o ciclo de queda, mas sem descartar futuras reduções. A
ausência de um “forward guidance” no comunicado pós-decisão aumenta a incerteza
quanto aos próximos passos.
Históricamente, interrupções na queda da Selic não
significam necessariamente o fim desse movimento. Entre 2016 e 2020, por
exemplo, a Selic caiu de 14,25% para 2% a.a., mas houve períodos de
paralisação, como entre março de 2018 e julho de 2019.
Expectativas para a Selic: 2024 e 2025
As expectativas para a Selic em 2024 e 2025 foram elevadas
devido às incertezas econômicas atuais. O Boletim Focus projeta a Selic em
10,50% a.a. para o fim de 2024 e 9,50% a.a. para 2025, refletindo uma mudança
significativa em relação ao início do ano, quando as projeções eram de 9% a.a.
para 2024 e 8,5% a.a. para 2025.
Dinâmica Inflacionária: Perspectivas e Desafios
O IPCA fechou maio em 0,46%, acumulando alta de 3,93% em 12
meses, dentro da meta do Banco Central, que é de 3% com tolerância de 1,5
pontos percentuais para cima ou para baixo. No entanto, a trajetória da
inflação preocupa, com expectativas de alta para o fim de 2024 e 2025,
resultando na “desancoragem das expectativas inflacionárias”.
Política Fiscal: Desafios e Limitações
O governo Lula tem adotado uma estratégia de aumento de
gastos e arrecadação para estimular a economia, uma abordagem que gera
distorções e reduz a produtividade a longo prazo. A recente devolução da
“Medida Provisória do Fim do Mundo” pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
ilustra o esgotamento dessa estratégia. A carga tributária brasileira é alta, e
o espaço para aumento de impostos está se esgotando.
Despesas do Governo: Cortes Necessários e Dificuldades
As despesas obrigatórias do governo federal representam
cerca de 90% da despesa total e podem chegar a 93,3% em 2028. A dificuldade em
cortar despesas discricionárias, combinada com a resistência política, torna a
tarefa de ajuste fiscal extremamente desafiadora.
Impacto nos Juros e no Câmbio
O cenário atual elevou os juros futuros e o dólar. Os juros
futuros para vencimento em 2028 subiram mais de 200 bps em seis meses, e o
dólar ultrapassou a marca de R$ 5,5, uma alta de mais de 15%.
Estratégia de Investimentos
Diante desse cenário, a recomendação é manter um foco forte
em investimentos em renda fixa, com inserções bem calculadas em mercados de
renda variável e a internacionalização gradual do capital.
Com paciência e estratégia, é possível navegar esse período
desafiador.
Boa leitura e bons investimentos!