A condição atinge 18% dos profissionais brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Gattaz Health com mais de 100 mil trabalhadores
São Paulo, 24 de maio de 2024. Neste momento, cerca de 20% dos profissionais brasileiros apresentam exaustão física, mental e emocional resultante de um estresse prolongado e intenso. Esses são sintomas do Burnout, uma síndrome que acomete aproximadamente 1 em cada 5 pessoas que estão no mercado de trabalho, de acordo com pesquisa conduzida pela Gattaz Health (GHR) com mais de 100 mil profissionais de grandes empresas.
A psicóloga e Diretora de Psicologia da GHR, Dra. Miryam Mazieiro aponta ser positivo o crescente interesse público no tema Burnout. Contudo, ela observa que ainda ocorrem equívocos em sua conceituação. Comumente confundido como uma doença, o Burnout foi incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID-XI)i como um 'Fenômeno Ocupacional', no capítulo que trata do uso de serviços de saúde. “O Burnout não é classificado como uma doença ou condição de saúde, mas sim como uma síndrome que ocorre no ambiente de trabalho. Na mesma categoria dele estão a pobreza e o sedentarismo”, comenta o médico psiquiatra e CEO da Gattaz Health Dr. Wagner Farid Gattaz.
Os especialistas explicam que o termo síndrome corresponde a um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem uma causa específica. Diferentemente de uma doença que, geralmente, tem um agente etiológico conhecido, sintomas mais ou menos comuns e terapêutica definida.
Historicamente, o Burnout foi descrito como uma fraqueza dos nervos, a neurastenia. A menção à palavra data de 1881 e era descrita como uma consequência do progresso civilizatório - apontando como causas o aumento da velocidade de deslocamento; de produção e obsolescência do conhecimento; do volume exacerbado de informações; e da impossibilidade de se desligar do trabalho. Tais sintomas possuem paralelos com o momento contemporâneo, contudo a evolução científica sobre o tema depurou os aspectos de origem e manifestação da síndrome.
Segundo a psicóloga, o Burnout ocorre em três dimensões: esgotamento emocional (falta de energia, cansaço), despersonalização (atitudes negativas em relação às pessoas, descaso pelas relações sociais, distanciamento das pessoas, descrença em valores positivos das pessoas como honestidade e integridade) e insatisfação pessoal consigo mesmo e com o trabalho (autoavaliação negativa de produtividade, sentimento de incompetência e de incapacidade para interagir com outras pessoas), além de outros sintomas como dor de cabeça frequente, alterações no apetite, insônia, alterações repentinas de humor, fadiga, hipertensão, dores musculares etc. Na corporação, o Burnout pode ser evidenciado por diminuição do desempenho no trabalho, aumento da irritabilidade, desconexão emocional e exaustão aparente.
“Tais sintomas se aplicam a uma variada gama de transtornos mentais, desde depressão leve; transtornos de ansiedade; transtorno de adaptação ou transtorno de ajustamento. Eu chamo a atenção para este diagnóstico diferencial, pois traz características muito semelhantes ao Burnout. Contudo, os sintomas se aplicam a qualquer área da vida do indivíduo, inclusive o trabalho, enquanto o Burnout se refere a estressores presentes apenas no trabalho”, salienta Dra. Miryam.
A especialista destaca que o risco do Burnout surge da interação de fatores individuais com elementos do ambiente de trabalho. Comportamentos como perfeccionismo, ser uma pessoa excessivamente ambiciosa e que ter dificuldade em delegar tarefas, podem indicar indivíduos mais suscetíveis a desenvolver essa condição. Na esfera laboral, os fatores de risco psicossociais são marcados por comunicação deficiente, instruções conflitantes e falta de feedback positivo; baixa autonomia; caraterísticas das demandas, como excessivo volume de trabalho, responsabilidade crescente e pressão de tempo; e baixo suporte social, manifestado por distanciamento afetivo de superiores hierárquicos e colegas de trabalho.
A desordem emocional em questão não apenas afeta os indivíduos, mas também tem um impacto significativo nas organizações. Além do custo financeiro associado ao aumento do presenteísmo, absenteísmo e à rotatividade de funcionários, o Burnout pode afetar o clima organizacional, prejudicar a produtividade e afetar a reputação da empresa.
O mapeamento recorrente da qualidade da saúde mental pode ser um instrumento de identificação e mensuração do impacto do Burnout numa corporação. Os tratamentos podem ocorrer por meio de medicamentos, psicoterapia, tratamento clínico, orientação familiar e medicina do estilo de vida.
Referências
(i) Burn-out an "occupational phenomenon": International Classification of Diseases (who.int). https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases
Sobre a Gattaz Health
Criada em 2015, a Gattaz Health é uma empresa especializada na promoção de programas de saúde mental, bem-estar e aumento de produtividade no ambiente de trabalho em todo o país. Possui uma equipe com profissionais formados pelas melhores universidades do país, que usam a ciência e a pesquisa para prover o mais amplo programa para companhias considerando aspectos como prevenção, educação, acolhimento, diagnóstico, tratamento, treinamento, capacitações e mentorias. Em sua trajetória, já atendeu mais de 30 diferentes empresas e 800.000 colaboradores.
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